Pesquisar este blog

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Os caminhos do sertão, o comércio e a formação das feiras de Jequié

As feiras também se fazem presentes em nosso passado colonial, como
uma importante tradição cultural ibérica implantada pelo elemento
colonizador. [...] No Brasil, as tradicionais feiras de gado contribuíram no
século passado para a formação de núcleos de povoamento que
posteriormente se transformaram em centros urbanos de grande
dinamismo, sobretudo no interior paulista e nordestino. (JESUS, 1991, p. 3).
A história da cidade de Jequié começa a se delinear quando bandeirantes e
desbravadores iniciam a saga da interiorização do Brasil nos séculos XVII e XVIII;
neste período, os rebanhos avançam em direção aos sertões nordestino e mineiro,
dispersando-se ao longo das margens dos rios (ANDRADE, 2004; PRADO JÚNIOR,
1943). Houve a necessidade de afastar o gado do litoral canavieiro, para que todas
as terras litorâneas fossem melhor aproveitadas para a produção do açúcar e seus
derivados, já que este território ocuparia extensos pastos mais lucrativos se
utilizados na cultura canavieira (NOVAIS, 1969; FURTADO, 1959).
A necessidade de deslocar o gado para outras pastagens, sem no entanto
deixá-lo indisponível, já que este continuaria a abastecer as necessidades do
engenho – transporte e força motriz dos engenhos de trapiche –, faz com que sejam
abertas picadas*, adentrando o interior do Brasil. Os sertões nordestinos se
estabelecem enquanto a área criatória mais antiga da colônia.
No Nordeste, em particular, essa função adicional da pecuária contribui para o
crescimento populacional, pois, apesar do declínio econômico do litoral em certos
períodos, os habitantes sertanejos encontram meios de subsistência no interior,
terras de clima e solo propícios para a criação de gado e para desenvolver um
pequeno comércio com produtos considerados, pelos sertanejos, verdadeiras
especiarias, devido ao seu difícil acesso. Essas pequenas feiras móveis se
estabeleciam nas povoações que iam se formando pelo caminho.

*Picadas – “Trilhas e caminhos abertos no meio da mata, de forma rústica. [...] Atalho estreito, aberto no mato a golpes de facão; pique: ‘Atravessou primeiro por uma estreita picada... a
pequena capoeira que limitava os campos do marido’. (José Veríssimo, Cenas da Vida
Amazônica, p. 276)” (FERREIRA, 1986, p. 1.081).


SANTOS, Saionara A. de Santana. As trocas de origem simbólica e material disseminadas por mulheres negras nas feiras livres de Jequié-Bahia:1980-2011. Dissertação  (Mestrado) - Universidade do Estado da Bahia, Santo Antonio de Jesus, 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário